THANOS: A desordem do amor
- Luiz Mello
- 2 de ago. de 2018
- 4 min de leitura
Vingadores: Guerra Infinita nos presenteou com o melhor vilão do mundo dos heróis. Todos os vilões que vimos no universo Marvel, até esse momento, representa fragmentos que convergem em Thanos. Thanos é um vilão cruel e poderoso, motivado pelo desejo de eliminar a metade da população do universo com a intenção de preservar a vida, a ordem e o equilibro do mundo. Para isso acontecer, ele adquire uma manopla que lhe dá a capacidade de conter os poderes das Joias do Infinito. As Joias do Infinito são seis pedras cósmicas extraordinariamente poderosas. Cada joia concede um poder específico ao seu portador no domínio de um aspecto do universo: Poder, Tempo, Mente, Espaço, Realidade e Alma.
Quem reunir todas as Joias do Infinito, possui total controle sobre o universo. Se juntar todas numa manopla então, fica com a Manopla do Infinito! Um instrumento mortal! Poder que levaria Thanos a destruir metade da vida do universo com um estalar de dedos, cumprindo seu objetivo.
A tirania, o poder e a motivação do vilão são evidentes, mas chama atenção o drama afetivo em relação a sua filha adotiva, Gamora. Os dois vivem um conflito intenso de amor e ódio. No passado, Thanos vai até o planeta de Gamora para destruí-lo, mas ao se deparar com ela, ainda criança, resolve adotá-la e cuidar da jovem como filha. Mesmo assim, Gamora nutre um ódio pelo pai, pois teve a sua família e planeta destruído por ele, e por ter sido usada como maquina de guerra pelo tirano. Entretanto, apesar da relação desgastada, Thanos ainda sente amor pela jovem filha, como é retratado no filme e nos quadrinhos.
O amor de Thanos por Gamora fica mais visível quando precisa tomar uma decisão: concretizar o seu objetivo ou preservar a vida de Gamora. Afinal, para adquirir a Joia da Alma, uma das Joias do Infinito, é necessário um sacrifício: sacrificar a pessoa que mais ama.
Apesar do amor envolvido na relação pai e filha, Thanos toma a dura decisão ao destruir metade da população do universo, sacrificando a própria filha.
Neste momento, Thanos inverte a ordem do amor. Os seus objetivos e planos tornam-se mais importantes do que a vida de sua filha amada.
Acreditamos ser um absurdo trocar o amor de um filho por um objetivo pessoal, mas isso acontece com muita frequência fora das telonas. Pais fazem isso com frequência ao tomarem opção de ganhar dinheiro, fama e sucesso profissional em detrimento da relação com os filhos, e o amor dos mesmos. Da mesma forma, filhos sedentos para construírem o futuro esquecem das pessoas que os conduziram até aquele momento.
E, mais, nós seres humanos tomamos decisões de rebeldias contra Deus todos os dias. Nós diariamente invertemos a ordem da prioridade do amor em relação ao Deus Criador. Assim como Agostinho afirmou: Eu pecava, porque em vez de procurar em Deus os prazeres, as grandezas, e as verdades, procurava-os nas suas criaturas: em mim e nos outros. Por isso me precipitava na dor, na confusão e no erro (Conf. I, 20).
Cada um, ao pecar, afasta-se das coisas divinas e realmente duráveis, para se apegar as coisas mutáveis e incertas. (De lib. arb. I, 35a).
Vive justa e santamente quem é perfeito avaliador das coisas. E quem as estima exatamente mantém amor ordenado. Dessa maneira, não ama o que não é digno de amor, nem deixa de amar o que merece ser amado. Nem dá primazia no amor àquilo que deve ser menos amado, nem ama com igual intensidade o que deve amar menos ou mais, nem ama menos ou mais o que convém amar de forma idêntica (De doc. christ., I, 27, 28)
Assim, para Agostinho, pecado é amor na ordem inapropriada. Quando amamos mais aquilo que é secundário em detrimentos daquilo que é primário pecamos contra Deus. Deus deve ser sempre o bem maior. Quando abandonamos a pratica desse conceito, abraçamos a idolatria; quando amamos a qualquer coisa mais que o Deus Criador.
Toda forma de amor sem Deus torna-se uma especie de idolatria, pois fomos criados com uma identidade: amar a Deus acima de todas as coisas. Deus é a fonte do amor, a razão do amor e o próprio amor.
Quem não ama não conhece a Deus, porque Deus é amor. 1 João 4.8
O problema é que amar outra coisa no lugar do Criador nos levará para o mesmo lugar; uma vida vazia e sem sentido. E, muitas vezes, pior, perderemos tudo. Os ídolos nos devoram. Além do mais, quando amamos de forma desordenada, não conseguimos colocar em ordem as coisas a nossa volta. Por vezes amaremos mais o dinheiro do que a família, o trabalho mais que os filhos, o sexo mais do que a Deus.
Agora, quando amamos a Deus acima de todas as coisas, tudo encontra equilíbrio e ordem, pois Deus coloca tudo no seu lugar; o amor próprio, amor pelos outros e pelas coisas que vem de Deus.
Sem isso em mente, terminaremos igual Thanos.
No final do filme, após Thanos finalizar seu plano, ele tem um dialogo interessante com sua filha:
Gamora: - Você conseguiu o que queria?
Thanos: - Sim!
Gamora: - E o que lhe custou?
Thanos: - Tudo que eu tinha!
Na maioria das vezes, para adquirir aquilo que desejamos perderemos as coisas mais importantes que nos foram dadas. Por isso a necessidade do Cristo que poem ordem no nosso desiquilíbrio, que alimenta e organiza o amor da forma devida.
Jesus é o único que oferece amor sem tirar a nossa vida.

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