LOGAN: O inverno da alma
- Luiz Mello
- 13 de mar. de 2017
- 5 min de leitura
No ano de 2029, o mundo não é o mesmo, uma ameaça de maldade ronda a vida da humanidade. Até mesmo os mutantes estão à beira da extinção, inclusive James "Logan" Howlett, antigamente conhecido como Wolverine.
No filme, a composição visual do personagem, vivido pela última vez por Hugh Jackman, não retrata um super mutante que está pronto para a guerra, apesar de que jamais deixa de exalar perigo e ameaça de morte para os adversários, mas um sujeito cansado, com uma voz desgastada, o rosto enrugado, cheio de cicatrizes, barba por fazer e olhos ardentes como fogo. O tempo trouxe consigo as marcas de um passado devastador que destruiu o corpo, a mente e a alma de Logan. O poder da regeneração, não consegue regenerar as feridas interiores, e por elas Logan é atormentado diariamente. O tempo não foi capaz de curar a dor e o sofrimento do mutante mais casca grossa de todos os tempos.
Ele está completamente machucado pelas feridas do passado. Ele passa seus dias trabalhando como motorista, na maior parte do tempo está embriagado, isolado em uma fábrica abandonada, cuidando de seu velho amigo, professor Charles Xavier, que sofre de uma doença neurodegenerativa que o faz perder o controle de suas habilidades telepáticas para um efeito devastador. Com a vulnerabilidade de Logan, o filme ganha um senso de urgência inédito e impensável até então na série; afinal, Wolverine pode se machucar e morrer. Assim, as cenas de ação se transformam em momentos de tensão e violência que realmente podem ter consequências. O super Wolverine pode morrer a qualquer instante. Uma vez que, o velho Logan está morrendo aos poucos.
Pela primeira vez, Logan não é mais aquele mutante indestrutível, imortal, que irá se regenerar a qualquer ataque. Dessa forma, o personagem assume aqui uma característica que jamais teve antes: a vulnerabilidade.
Sendo um dos super-heróis mais humanos apresentados até hoje nos cinemas e um dos heróis mais sofridos das HQs, Logan torna-se a representação do inverno da alma. Um momento em que o passado só gera tormento, o futuro é imprevisível, a vida não faz mais sentido para Logan, ele está morrendo aos poucos.
Assim como Logan, as vezes passamos por momentos semelhantes. Nós ligamos o piloto automático, direcionando a vida para o fim. Somos pressionados pelo sentimento de culpa, pela sensação de vulnerabilidade, e, por vezes, temos a sensação que a vida seria muito melhor sem nós. Diante disso, nós tomamos decisões que nos matam aos poucos.
Há uma cena que expressa a marca na alma de Logan.
“Joey, não há como viver com... com um assassinato.
Não há como voltar disso. Certo ou errado, é uma marca.
Uma marca permanece. Não há como voltar.”
Diálogo de Os Brutos Também Amam.
Não existe a possibilidade de viver normalmente com uma marca destrutiva em nossos corações. Uma marca que não sai facilmente, ela permanece na inércia, apenas produzindo dor e incomodo. Pouco a pouco, o corpo fica desgastado, a mente perturbada e a alma agitada, o sentimento de tristeza toma o controle da nossa identidade. O famoso inverno da alma.
O que fazer diante dessa situação?
Não há nada que possamos fazer para retirar essa marca que nos consome. Apenas, podemos confiar em alguém que venceu a marca da morte, pagou o preço da dor, e sentiu o gosto amargo do sofrimento; Jesus.
Jesus passou pelo inverno da alma. Jesus conhece muito bem o significado do inverno da alma. Ele passou pelos piores momentos que alguém pode passar. Jesus experimentou a rejeição, o abandono, a solidão e a tentação de se render diante da dor. A vida de Jesus foi propícia para ser consumido pelo inverno da alma. Até mesmo, em algumas horas antes de sua morte, devido ao tamanho de sua dor, ele transpira sangue, e diz: "A minha alma está profundamente triste, numa tristeza mortal (Mateus 26:38), e ainda ora, dizendo: "Meu Pai, se for possível, afasta de mim este cálice; contudo, não seja como eu quero, mas sim como tu queres" (Mateus 26:39). "
Após a oração, Jesus passa por um período de tortura física. O seu corpo foi levado ao ápice da dor. Preso pelos pulso, passa a ser golpeado com tiras de couro sobre as quais são fixadas bolinhas de chumbo e de pequenos ossos, A pele se dilacera e se rompe; o sangue espirra. A cada golpe Jesus reagem em um sobressalto de dor. As forças de esvaem; se não estivesse preso pelos pulso, cairia em uma poça de sangue. Após tudo isso, carrega a própria cruz, e nela é pregado.
Atraídas pelo sangue que escorre e pelo coagulado, enxames de moscas zunem ao redor do seu corpo, mas Ele não pode enxotá-las. Pouco depois, o céu escurece, o sol se esconde: de repente a temperatura diminui. Logo serão três da tarde. Todas as suas dores, a sede, as cãibras, a asfixia, o latejar dos nervos medianos, lhe arrancam um lamento: "Deus meu, Deus meu, porque me abandonastes?". Jesus dá seu último suspiro: "Está tudo consumado!", e em seguida, "Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito". E morre. Em meu lugar e no seu.
Jesus venceu o inverno da alma. Jesus não permite que inverno da alma o destrua, por mais que o seu corpo sofra a maior dor da humanidade, a sua alma fica intacta. Por que ele é o único que tem capacidade de passar por momentos de sofrimento e ainda sair vitorioso. Após a morte de Jesus, depois de três dias, ele ressuscita dos mortos, vencendo a morte, o sofrimento e a dor.
A vulnerabilidade de Jesus nos revela que ele conhece o nosso sofrimento, dor e universo interior. Jesus sabe o gosto amargo do inverno da alma, pois ele vivenciou na pele o sofrimento, a dor, a solidão, abandono, e tristeza e ainda carregou toda a culpa da humanidade em seus ombros. Sendo assim, corra em direção daquele que vivencio de forma mais intensa, aquilo que você está passando. Ele diz a você: "Eu conheço a sua dor".
A invulnerabilidade de Jesus nos revela que ele é o Deus mais poderoso do universo. Nada no mundo consegue parar a Jesus. Nem a dor, nem o sofrimento, nem a solidão, nem o abandono consegue amedrontar a Jesus. Ele venceu o inverno da alma. Ele faz isso para carregar toda a sua dor e aliviar a suas feridas. Nós não conseguimos fazer isso, mas Jesus consegue. Ele é o único!
Em meio a nossa dor, quando desistimos da vida. Jesus afirma:
Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e encontrareis descanso para as vossas almas. Porque o meu jugo é suave e o meu fardo é leve. Mateus 11:28-30

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